Milhares de simpatizantes e opositores do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, saíram às ruas em todo o país nesta quarta (12) em apoio e em crítica ao governo, após de dias de violentos protestos que deixaram pelo menos cinco feridos à bala; um manifestante morreu na capital, Caracas, supostamente após ser baleado na cabeça; o presidente da Assembleia Nacional afirmou que a vítima fatal era a favor do governo
CARACAS, 12 Fev (Reuters) - Milhares de simpatizantes e opositores do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, saíram às ruas em todo o país nesta quarta-feira gritando frases de apoio ou crítica a seu governo, depois de dias de violentos protestos que deixaram pelo menos cinco feridos à bala.
Testemunhas da Reuters disseram que um manifestante morreu nesta quarta-feira na capital, Caracas, supostamente após ser baleado na cabeça. O presidente da Assembleia Nacional afirmou que a vítima fatal era a favor do governo.
Houve manifestações oposicionistas, coloridas e com grande número de participantes em Caracas e nas cidades mais populosas do país petrolífero, com queixas contra o elevado custo de vida, a escassez de produtos e a insegurança, e pedindo a libertação de várias pessoas presas nos últimos dias.
Os partidários de Maduro se manifestaram pacificamente em Caracas, celebrando o dia da juventude em um ato que iria culminar com um pronunciamento do chefe de Estado.
"É preciso fazer terapia para viver em Caracas", dizia um cartaz levado por estudantes de psicologia. "Estou aqui para mostrar minha insatisfação com o governo. Estou descontente com a insegurança que nos subjuga", disse Manuel González, estudante de 22 anos que caminhava rodeado de colegas com apitos, vuvuzelas e bandeiras.
Enquanto isso, em outro ponto de Caracas, milhares de simpatizantes de Maduro celebravam o dia da juventude, em comemoração a uma batalha da independência no século 19 que contou com uma forte participação de estudantes.
"Nós somos jovens revolucionários, lado a lado com nosso governo venezuelano", disse uma moça vestida de vermelho, a cor do governista Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV).
As marchas não se encontraram em nenhum ponto e transcorreram em paz, apesar de muita gente ter preferido não sair de casa, temendo atos violentos.
Nas últimas semanas, grupos encabeçados pela ala mais radical da oposição, composta por Leopoldo López, a deputada María Corina Machado e o prefeito de Caracas, Antonio Ledezma, saíram às ruas para protestar contra o governo de Maduro, provocando enfrentamentos violentos com as forças de segurança.
Maduro, um ex-motorista de ônibus e sindicalista, afirmou que as manifestações pretendem destituí-lo do poder, apenas dez menos depois de ter assumido o cargo.
"Querem derrubar o governo legítimo que eu comando. Não vão poder, mas vão causar danos à Venezuela", disse Maduro durante um discurso na noite de terça-feira.
"Retratem-se a tempo, e depois, se não se retratarem, não se declarem perseguidos políticos, porque eu vou aplicar a lei e a Constituição com severidade absoluta contra golpistas, desestabilizadores e setores violentos", acrescentou.
Mas os manifestantes, na maioria estudantes, responderam com firmeza. "Quanto mais repressão, os estudantes seguirão mais e mais para a rua", disse a dirigente estudantil Tamy Suárez, em Caracas.
Em 2002, protestos massivos da oposição terminaram levando a um breve golpe de Estado que tirou do poder o falecido presidente Hugo Chávez por 36 horas, mas o líder voltou respaldado por um grupo leal do Exército e graças a partidários que inundaram as ruas pedindo a sua permanência no cargo.
(Reportagem adicional de Andrew Cawthorne e Jorge Silva, em Caracas; e de Javier Faría, em San Cristóbal)
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